terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

consciência ambiental versus estética




Mamãe estava dançando em sua cadeira enquanto trabalhava ao som de Rolling  In The Deep de Adele, assistindo youtube com o canto dos olhos, quando Fofoquinha entra e pede para repetir a música porque achou a voz da moça muito bonita.
Sentou para assistir o vídeo. Depois que ele acabou, me pediu para repetir. 
"Mamãe, por que tem tanto copo de água? É desperdício, o mundinho vai ficar triste!".Aiai, pensei comigo mesma, respondendo brevemente que era para ficar bonito, que se tratava de um vídeo para ilustrar a música e que, de novo, era só para causar efeito e passar uma mensagem para quem assistisse.
"Mamãe, estão quebrando toda a louça, louça é vidro, o vidro vem da natureza, eles não podem fazer isso!" A menina está indignada, posso ver em seus olhos. "Por que estão deixando os prédios queimarem? São feitos de papel, que são feitos de árvores, que vem da natureza!"
Aparentemente Fofoquinha está aprendendo uma lição importante para seu futuro como pessoa, profissional, para seus filhos e os filhos de seus filhos. Ela, tenho certeza, já é uma cidadã consciente e do futuro. Espero que não cruze a linha e vire uma ecochata.
Mamãe, por outro lado, é um dinossauro em extinção, da geração em que alguns sacrifícios são feitos em nome da estética, pelo puro prazer de se encher os olhos. Por mais que tentasse explicar o conceito de arte, beleza e ruptura de valores, o paradoxo é demais para Fofoquinha. 
Nota para mim mesma: levar mais os vikings a museus e exposições de arte. 
A percepção deles, porém, já está irremediavelmente diferente da minha. O vídeo da Adele, em poucos anos, vai ser duramente criticado. Isso se alguém ainda se lembrar dela, já que essa geração também tem, além de uma nova consciência, memória de peixinho dourado.

Um comentário:

lina disse...

flá, cruzou a linha? vc fez artes plásticas, nao?
beijos, dear.
lina